Para quem gosta de moda, a internet tem apresentado uma boa seara de trabalhos documentais. Antes da explosão comercial de "Dior e Eu"(2015), onde o documentarista Frédéric Tcheng nos mostra os bastidores da primeira coleção de Ralf Simons para a Dior, R.J. Cutler já havia nos seduzido com "The Semtember Issue"(2007), onde retratou a confecção da clássica edição de setembro de 2007 da revista Vogue América, a maior da história, com 840 páginas. Mas não para por aí: são muitos, mas muitos documentários disponíveis no Youtube e afins. E neste final de semana tive a oportunidade de conferir na Netflix o inspirador "Iris"(2015), de Albert Maysles, sobre o ícone fashion Iris Apfel.
Como surgem os ícones? Como sobrevivem? Quais seus conceitos, motivações e excentricidades? "Iris pode nos dar várias respostas, acompanhando o dia a dia de uma pessoa tão fascinante e egocêntrica que aos 93 anos (na época em que foi rodado o documentário), nos mostra lições sobre estilo e principalmente sobre a vida. E o mais importante: fazer algo que se gosta por prazer e diversão, até mesmo sem grandes expectativas, pautando a simples questão de se aventurar e estar aberto para o novo. Uma filosofia que pode ser uma boa maneira de levar a vida e alcançar certa longevidade e sapiência.
Hoje, aos 94 anos, a decoradora nova-iorquina Iris Apfel não foi e nem é estilista, modelo ou editora de moda, o que não impediu que se tornasse um ícone de estilo, daqueles que carregam informação fashion em cada look que vestem e têm bons quotes sobre a indústria. E uma das participações tão motivadoras quanto a vida de Iris é a de seu marido Carl Apfel, falecido em agosto do ano passado. Os dois foram casados durante 67 anos e o amor partilhado é para servir de exemplo do que é companheirismo, seja na idade que for.
Entre 2005 e 2006, Iris foi tema da exposição “Rara Avis: Selections from the Iris Barrel Apfel Collection”, que aconteceu no Metropolitan Museum; em 2007, apresentou peças de seu guarda-roupa para o livro “Rare Bird of Fashion: The Irreverent Iris Apfel”; em 2011, fechou parceria com a M.A.C para lançar uma coleção de maquiagem; e ainda anunciou, para 2013, uma linha de óculos em colaboração com a marca Eyebobs. Recentemente, foi capa da Dazed & Confused e Stylist Magazine. Participou de editoriais na Vogue China, Another Magazine, Vogue Brasil e Schön. É uma das contratadas para a campanha de primavera/verão 2016 da Kate Spade e Wisewear. Iris já esteve no Brasil em setembro de 2013,a convite da Swarovski, participando de um único evento no país, onde falou sobre sua enorme bagagem profissional e cultural, numa conversa inspiradora.
Frases de Iris Apfel:
“Você pode tentar ser alguém que não é, mas isso não será estilo. Se alguém diz: ‘compre isso, você estará estilosa’, você não estará estilosa porque não será autenticamente você. Primeiro você precisa saber quem você é, e isso é um processo doloroso”.
"Eu me visto para mim. Unicamente para mim. Espero que as pessoas gostem. Mas, se não gostarem, o problema é delas, não meu."
"Odeio fazer as coisas parecidas com todo mundo, e isso é muito difícil em uma sociedade tão imediatista. As pessoas precisam entender a beleza dos processos de criação. Vejo tantos designers fazendo tudo igual uns aos outros. É uma corrupção criativa."
“Se aposentar é pior que morrer. Há tantas coisas esperando para ser feitas no mundo”.
“O conceito de elegância não mudou com o passar do tempo. Ele foi jogado pela janela”.
“Aprendi com a minha mãe que se você tiver um único vestido preto e os acessórios certos, você pode ter 50 vestidos diferentes”.
Assista ao trailer de "Iris" logo abaixo e corre lá pro Netflix e garanta a sua sessão. E a propósito, a companhia também estava ótima!