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#BermudaSim, por quê não?


Demorou para acontecer, mas aos poucos, entende-se que em um país tropical e abençoado por Deus como o nosso, no ambiente de trabalho, calças, ternos e gravatas não fazem muito sentido no Verão. Ainda mais “neste” Verão cuja sensação térmica em algumas capitais do país, como o Rio de Janeiro, por exemplo, chega a ultrapassar os 50 graus. Com esse pensamento, um grupo de três jovens publicitários cariocas, criou na web um movimento interessante: o #BermudaSim. O objetivo é a liberação pelo uso da bermuda no trabalho, assim como o abandono da gravata, terno e tecidos pesados. Tudo com base na preconização do conforto e na premissa de que a roupa usada no ambiente corporativo não influencia no rendimento profissional. Mas será que dá realmente certo?

A invenção do paletó remete à França de Luís XIV (1638-1715). Na corte, os alfaiates criaram as três peças que dariam origem ao terno: a casaca, o colete e o culote, uma espécie de calça comprida. Após ser popularizado pela nobreza europeia, o conjunto teve seu corte aprimorado na Inglaterra. A gravata, por sua vez, era um acessório usado por militares croatas que caiu nas graças da aristocracia francesa no século XVII. No Brasil, os ternos tornaram-se símbolo de poder após a chegada da família real, em 1808. Importados do Reino Unido, eles eram feitos de lã, inadequada para o calor dos trópicos. Ainda assim, foram adotados pela elite local e, no início do século XX, disseminaram-se entre cariocas menos endinheirados. Séculos de colonização e a moda europeia como vigência de estilo, no ano de 1961, o então presidente Janio Quadros propôs um conjunto slack, safári de mangas curtas como traje oficial para o trabalho. Anteriormente, no ano de 1956, o artista plástico Flavio de Carvalho saiu às ruas de São Paulo com uma saia arejada e meias arrastão. Obviamente que a reação popular foi mais que contrária e ninguém levou a sério ambas as tentativas. Isso que na época, nos EUA, já se falava em “Casual Day”, popularizado décadas depois no final dos anos 90 e início dos anos 2000 graças à nossa famigerada Internet. Assim, muitas empresas liberaram, pelo menos na sexta-feira, uma maneira menos formal de vestimenta onde o jeans, camisetas e tênis são permitidos, embora haja aquelas que exigem o típico traje "esporte fino". Ou pior ainda, ignoram toda e qualquer mudança.

Apesar de ainda continuamos a viver e a sofrer com as altas temperaturas e as duras exigências de dresscode em nossos ambientes corporativos, o #BermudaSim chega em um momento que a Internet passa a ser utilizada como ferramenta de mobilização social. Nem é preciso citar como exemplo as manifestações ocorridas no ano passado ou recentemente, os tais “rolezinhos”. Já temos mais que certeza de que rede social tem o poder de mudar padrões. E finalmente, a necessidade de mudança de um padrão estético passa a refletir as vontades daqueles que cansados das tradicionais convenções, exigem liberdade e conforto. Ainda mais por não existir nenhuma regra ou lei que proíba a liberdade de estilo em um ambiente corporativo, não é verdade? Para se ter uma ideia da importância dessa discussão, pois no momento, trata-se de um caso de saúde pública, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) aprovou no dia 21 de janeiro a liberação do uso de paletó e gravata para os advogados, formalizada pela presidente do TJ, a desembargadora Leila Mariano e com validade de dois meses. Tornou-se facultativo vestir-se com essas duas peças para quem transita pelas dependências dos fóruns do estado ou precisa participar de audiências. Isso mostra que a liberdade de se vestir de maneira informal pode ultrapassar empresas de áreas mais modernas. E na verdade acaba por ser um reflexo de novos valores, de mudanças culturais.


O #BermudaSim está fundamentado em um site – bermudasim.com.br – e uma página no Facebook com mais de 12.139 curtidas. Quem não tem apoio do respectivo chefe e quiser aderir ao movimento, basta enviar uma mensagem anônima para o site. A página envia ao responsável pela empresa, sem indicar a fonte, um apelo pela liberação do uso da bermuda. O site já contabiliza mais de 1,7 mil mensagens enviadas e na página do Facebook, dá para conferir as empresas que já aderiram ao movimento.
Para você estar por dentro do #BermudaSim, confira dez regras chamadas de “Os 10 Bermudamentos” sobre como usar a peça de roupa no ambiente corporativo. As regras também estão disponíveis para download:

1. Bermudas só a partir de 29,8ºC;
2. O comprimento correto é de três dedos acima ou abaixo do joelho;
3. Short de surf não é bermuda;
4. Uniforme de time não é bermuda;
5. Samba-canção também não;
6. É proibido usar bermuda floral;
7. Em dia de reunião, use calça;
8. É proibido usar bermuda com camiseta regata;
9. Se mais de duas pessoas implicarem, sua bermuda é inadequada;
10. Tenha uma calça na gaveta, para um compromisso de última hora.

A seguir, confira algumas dicas de como montar um look cheio de estilo e fazer bonito no ambiente de trabalho:

- Lembre-se: não abuse da informalidade, pois trata-se de um ambiente de trabalho. Evite bermudas cargo. São cafonas.
- Nas últimas temporadas, várias grifes mostraram ideias bem interessantes de alfaiataria menos formal e as bermudas de corte mais sofisticado são uma ótima opção para quem quer aderir ao movimento sem correr o risco de parecer estar pronto para um dia de praia.
- Os italianos são expert nesse assunto e sabem como ninguém em montar um look informal e ao mesmo tempo sofisticado. Pesquise sites de street style.
- Calças chino podem ser uma opção interessante em contra partida ao jeans. Calças em tecidos mais leves como o linho, ou até em cores neutras como o branco, podem garantir um maior conforto.
- Sandálias e chinelos não estão dentro da discussão. Prefira tênis, dockside ou sapatos mais fechados. Ou o senso comum do sapatênis também ajuda. Meias curtas e escondidas.
- Evite o xadrez!
- Na dúvida, escolha o trinômio camisa branca+bermuda alfaiataria+dockside. Não há como errar.

Site: www.bermudasim.com.br
Facebook: http://www.facebook.com/usobermudasim
Instagram: @bermudasim

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