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David Bowie parte e nos deixa com um pouco menos de brilho


A música perdeu um de seus ícones eternos: David Bowie. Interessante acompanhar as reações nas redes sociais e verificar as opiniões, que vão desde a sincera tristeza, até mesmo despeito e cinismo para com aqueles que se comoveram com tal situação. Nascido David Robert Jones, em Brixton no sul de Londres, em 8 de janeiro de 1947, a carreira de David Bowie na música durou praticamente 50 anos, sendo sucesso comercial e de crítica especializada. Vendeu mais de 160 milhões de álbuns. Foi premiado diversas vezes, incluindo dois Grammys, dois British Awards, três MTV Video Music Awards e um Emmy. No cinema, participou de filmes que até hoje são ícones da cultura pop. Em 2013 surpreendeu o público com o lançamento do álbum "The Next Day", o primeiro trabalho depois de um hiato de 10 anos.

Kate Moss incorpora David Bowie, mais especificamente Ziggy Stardust, alter-ego do artista, na capa da Vogue Paris de dezembro de 2013. Uma das imagens de moda que mais me marcou recentemente.

Sou fã de Bowie. Desde "Labirinto, a Magia do Tempo"(1986). Quando assisti ao filme, tinha apenas 11 anos, época que não sabia quem era David Bowie. Mas fiquei apaixonado - e com medo - do "Jareth". A imagem que aquele personagem representava, despertava em mim a mesma atração e fascínio sentidos por "Sarah Williams", a heroína vivida por Jennifer Connelly. Os amiguinhos ficaram contentes com a história fantasiosa de aventura. Eu fiquei apaixonado por um personagem que cantava uma das músicas mais lindas que já tinha ouvido até então: "As The World Falls Down". E olha que eu, naquela altura, já tinha uma vivência musical composta por muitos clássicos da "Era de Ouro do Rádio" em discos de 75 rotações, muitos standards da música popular americana e muita MPB. Já adolescente, assisti "Fome de Viver"(1983) e "Furyo, em Nome da Honra"(1983). No "Som POP" (1989-1993), programa de clipes exibido pela TV Cultura em uma era pré-MTV Brasil, Kid Vinil apresentava hits como "Let´s Dance" e "Fame".


Mais tarde, me deparei com a figura de Ziggy Stardust: anos 90, underground, raves e afins. Época em que a androginia fazia parte da vivência noturna em looks flúor, cabelos cor de laranja e sobrancelhas depiladas. Tinha um pouco de Bowie ali, naquela experiência toda. Através de um amigo de conceito musical estratosférico, conheci uma loja de discos no centro da cidade, bem alternativa, e adquiri uma coletânea de Bowie. Foi ali que me encontrei com a fase glam do artista que iria me fascinar ainda mais daquele ponto em diante. "Life On Mars" é até hoje uma das minhas preferidas. E sempre será.  



Passei a estudar sobre moda em 1993. Bibliografias não eram tão comuns e acessíveis, mas alguns anos depois, com o advento da internet, o acesso à informação de moda ficou um pouco mais fácil. Impossível não ver sazonalmente uma matéria ou uma coleção sob influência da imagem de Bowie. E se hoje a moda caminha para uma discussão de gêneros e prega justamente a falta dele, Bowie, com seu visual glam e atitude hedonista, um verdadeiro conjunto questionador, transgressor e provocante, já era uma lenda nos anos 70 ao lançar para o mundo personagens como Ziggy Stardust e Aladdin Sane. O filme "Velvet Goldmine"(1998) nos deu um gostinho do que era o glam rock, muito da direção seguida pelo movimento eletrônico dos anos 90.


Tanto na moda, quanto na música, David Bowie sempre soube se reinventar. Sem ficar preso a padrões, também flertou com a música eletrônica com o álbum "Earthling" (1997), fase que também rendeu a linda "I'm Deranged", trilha de abertura do filme "Lost Highway"(1997), de David Lynch.


Anos depois, a admiração não poderia estar completa sem a exposição "David Bowie". A retrospectiva sobre a obra do artista foi concebida em Londres, no Victoria and Albert Museum e exibida entre janeiro e abril de 2014 no MIS (Museu da Imagem do Som), em São Paulo. Ver de perto o macacão Tokyo Pop assinado por Kansai Yamamoto e a bota plataforma vermelha, ambos usados na turnê do álbum "Aladdin Sane" em 1973 e o terno azul de "Life on Mars" causou muita emoção e vários arrepios sensacionais na espinha. Recentemente, a homenagem prestada na quarta temporada de "American Horror Story - Freak Show" também vai entrar para a história, quando "Elsa Mars", personagem de Jessica Lange, performa nada mais, nada menos que "Life On Mars".


Com 50 anos de carreira, David Bowie deixou um relevante e brilhante legado musical. E para quem viu o clipe, quase curta-metragem de "Black Star", single de seu novo álbum, assim como "Lazarus", de repente sabe que naquelas letras e imagens já havia algo soturno e sombrio. Já havia um aviso. O álbum "Blackstar" foi lançado oficialmente na sexta (8/01) e já é considerado uma obra-prima pela crítica especializada. David Bowie faleceu aos 69 anos, no último domingo (10/01), após 18 meses de batalha contra um câncer. Dois dias depois de seu aniversário.

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