Todo mundo já sabe da história (ou pelo menos deveria): na madrugada de 28 de junho de 1969, um grupo de policiais de Nova York fez uma rotineira e violenta batida no bar Stonewall Inn, local, frequentado por gays, lésbicas, trans, drag queens e outras figuras marginalizadas, que era constantemente alvo de hostilizações e de abusos policiais. Porém, algo diferente aconteceu nesta noite: revoltados, os frequentadores jogaram copos e se recusaram a serem presos. A resistência e a revolta espalharam-se como um rastilho de pólvora pelo bairro do Greenwich Village, com LGBTs lutando contra os policiais, virando carros e tirando abruptamente do armário a violência e o desprezo dirigido pela sociedade e pelo Estado àquelas pessoas, ressignificando-os por meio do grito do orgulho gay. O episódio é considerado por muitos como o pontapé inicial do movimento LGBT contemporâneo.
Marsha P. Johnson estava na linha de frente dessa importante noite de resistência, ao lado de outras drag queens. Nascida Malcolm Michaels, em 1945, Marsha era negra, drag queen, prostituta, modelo de Andy Warhol e, acima de tudo, tornou-se uma figura fundamental e catalizadora nos primeiros anos das lutas dos LGBTs por direitos nos Estados Unidos. Em 1992, seu corpo foi encontrado no rio Hudson, próximo ao bairro onde viveu e militou. Classificada como "suicídio", as circunstâncias de sua morte nunca foram totalmente esclarecidas ou investigadas.
O legado e a trajetória da ativista é o centro do documentário "The Death And Life Of Marsha P. Johnson" (A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson), disponível no Netflix. Além de explorar as biografias das veteranas de Stonewall, o filme captura a longa luta de outra trans, Victoria Cruz, para reabrir o caso e pedir justiça para Marsha.
O diretor David France, além de cineasta, também é um jornalista investigativo (e premiado). É dele o doc "How to Survive a Plague" (2012), sobre o início da epidemia da Aids. David sempre escreveu sobre a doença e dedicou o filme ao seu parceiro que morreu em decorrência da Aids em 1992, coincidentemente, mesmo ano da morte de Marsha.
A morte de Marsha
Descrita como amável, cheia de vida, conhecida e celebrada no mundo todo, Marsha teve um fim tragicamente comum entre os membros da sua comunidade.
Em 6 de julho de 1992, seu corpo foi encontrado no rio Hudson, poucos dias depois da Parada do Orgulho Gay daquele ano. O caso foi rapidamente encerrado e registrado como suicídio. Para os amigos, porém, Marsha P. Johnson foi assassinada aos 46 anos, após uma vida de dedicação aos direitos LGBTs. Para muitos, a pioneira é considerada a Rosa Parks do movimento pela diversidade, em alusão à ativista negra símbolo da luta pelos direitos civis.
A história de Marsha, infelizmente, não pertence ao passado. A violência contra travestis e transsexuais continua em patamares altíssimos no mundo todo, sem, no entanto, receber a atenção devida de autoridades, da mídia ou da sociedade.
Segundo relatório da National Coalition of Anti-Violence Programs, 33 pessoas foram mortas nos Estados Unidos em 2017 em decorrência da LGBTfobia. Grande parte da violência é voltada contra os transgêneros: só neste ano, 16 mulheres trans, todas elas não-brancas, foram assassinadas.
No Brasil, o inferno das trans é ainda pior. Somos o país que mais assassina pessoas trans no mundo, segundo relatório da organização Transgender Europe em 2016. Só no ano passado, ao menos 144 travestis e transexuais foram assassinados, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia. O número pode ser ainda maior, já que esse tipo de violência é tradicionalmente subnotificada.
Em tempos em que a mídia super-expõe trans e drags como ícones pop ou estrelas de reality show, é muito importante assistir ao documentário "A Morte e a Vida de Marsha P.Johnson", pois a violência sofrida por essa população também deveria ter o mesmo espaço para assim, tornar cada vez mais pública a questão e quem sabe, reais providencias de nossos governantes.
O diretor David France, além de cineasta, também é um jornalista investigativo (e premiado). É dele o doc "How to Survive a Plague" (2012), sobre o início da epidemia da Aids. David sempre escreveu sobre a doença e dedicou o filme ao seu parceiro que morreu em decorrência da Aids em 1992, coincidentemente, mesmo ano da morte de Marsha.
A morte de Marsha
Descrita como amável, cheia de vida, conhecida e celebrada no mundo todo, Marsha teve um fim tragicamente comum entre os membros da sua comunidade.
Em 6 de julho de 1992, seu corpo foi encontrado no rio Hudson, poucos dias depois da Parada do Orgulho Gay daquele ano. O caso foi rapidamente encerrado e registrado como suicídio. Para os amigos, porém, Marsha P. Johnson foi assassinada aos 46 anos, após uma vida de dedicação aos direitos LGBTs. Para muitos, a pioneira é considerada a Rosa Parks do movimento pela diversidade, em alusão à ativista negra símbolo da luta pelos direitos civis.
A história de Marsha, infelizmente, não pertence ao passado. A violência contra travestis e transsexuais continua em patamares altíssimos no mundo todo, sem, no entanto, receber a atenção devida de autoridades, da mídia ou da sociedade.
Segundo relatório da National Coalition of Anti-Violence Programs, 33 pessoas foram mortas nos Estados Unidos em 2017 em decorrência da LGBTfobia. Grande parte da violência é voltada contra os transgêneros: só neste ano, 16 mulheres trans, todas elas não-brancas, foram assassinadas.
No Brasil, o inferno das trans é ainda pior. Somos o país que mais assassina pessoas trans no mundo, segundo relatório da organização Transgender Europe em 2016. Só no ano passado, ao menos 144 travestis e transexuais foram assassinados, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia. O número pode ser ainda maior, já que esse tipo de violência é tradicionalmente subnotificada.
Em tempos em que a mídia super-expõe trans e drags como ícones pop ou estrelas de reality show, é muito importante assistir ao documentário "A Morte e a Vida de Marsha P.Johnson", pois a violência sofrida por essa população também deveria ter o mesmo espaço para assim, tornar cada vez mais pública a questão e quem sabe, reais providencias de nossos governantes.
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