Na véspera de sua segunda apresentação no Super Bowl Halftime Show, Beyoncé soltou de surpresa o single "Formation". Lançado dia 6 de fevereiro e com exclusividade no Tidal, plataforma digital cujo dono é seu marido, Jay-Z, "Formation" chega carregado de empoderamento e ativismo anti-racismo. O clipe, dirigido por Melina Matsoukas, foi gravado em Nova Orleans, um dos epicentros de histórico segregativodos EUA, trazendo em suas imagens muitas referências à história e luta da população negra, incluindo as violências policiais ocorridas com frequência no país.
Com fundamentos da trap music e do hip hop, "Formation" abre com uma emblemática pergunta: “What happened at the New Wil’ins?”. A voz é de Messya Mya, famoso vlogger negro de Nova Orleans, morto em 2010, e que até hoje, não se sabe exatamente quem foram os responsáveis pelo crime. Emblemática também é a imagem de Beyoncé em cima de uma viatura da polícia, afundando em um lago. Podemos concluir como um questionamento sobre como os EUA tratou a questão do furacão Katrina, que arrasou a cidade de Nova Orleans e o sul do país em 2005, juntamente à imagem da frase "Stop Shooting Us", que aparece no clipe pichada em muro, trazendo a referência de inúmeros casos de violência e abuso policial sofridos por negros nos últimos anos nos EUA.
"Formartion" também traz afirmações de orgulho como “I like my baby hair, with baby hair and afros!”, que nos remete à retaliação racista sofrida por Blue Ivy, filha de Beyoncé e Jay-Z e que também aparece no clipe. A menina já recebeu comentários sobre o seu cabelo natural. "I like my negro nose with Jackson 5 nostrils” continua com o tom de afirmativa de estética. E claro, empoderamento feminino não poderia faltar, pois Beyoncé é o tipo de mulher que está sempre no comando.
Quanto ao figurino, Beyoncé e suas dançarinas vestem criações de Alessando Michele, diretor criativo da Gucci. Há uma mensagem aí, pois Michele é um dos estilistas do momento que trouxe para a moda a discussão de gêneros em suas criações, despontando a tendência genderless, que é justamente a aplicação da falta de gênero na moda, fortemente pautada nas duas últimas temporadas internacionais. Há também uma citação da Givenchy, "I'm so reckless when I rock my Givenchy dress", referente ao famoso vestido do MET Gala do ano passado e cenas em que a cantora ostenta as famosas jóias da Dylanlex. Zimmermann, On Aura Tout Vu, Chanel, Rosie Assoulin, 69 Denim, Alessandra Rich e um ostentativo casaco de pele da Fendi também fazem parte do figurino high-fashion do clipe, cuja responsabilidade ficou a cargo da stylist Marni Senofonte.
As locaçõs escolhidas para o clipe carregam ainda mais de veracidade a letra de "Formantion". Assista:
Muitos fás torceram o nariz para o trap de "Formation". Musicalmente a canção pode não ser lá essas coisas. Porém, um assunto que também nos diz respeito aqui no Brasil foi tratado de forma contundente. Muitos artistas como Nina Simone já cruzaram esse caminho, mas hoje, uma popstar do porte de Beyoncé, ao abraçar uma questão tão polêmica e urgente como o racismo, é algo mais que pertinente nos dias atuais. Precisamos desse empoderamento. Confira a letra de "Formation":
[Intro: Messy Mya]
What happened at the New Wil’ins?
Bitch, I'm back by popular demand
[Refrain: Beyoncé]
Y'all haters corny with that illuminati mess
Paparazzi, catch my fly, and my cocky fresh
I'm so reckless when I rock my Givenchy dress (stylin')
I'm so possessive so I rock his Roc necklaces
My daddy Alabama, Momma Louisiana
You mix that negro with that Creole make a Texas bama
I like my baby heir with baby hair and afros
I like my negro nose with Jackson Five nostrils
Earned all this money but they never take the country out me
I got a hot sauce in my bag, swag
[Interlude: Messy Mya + Big Freedia]
Oh yeah, baby, oh yeah I, ohhhhh, oh, yes, I like that
I did not come to play with you hoes, haha
I came to slay, bitch
I like cornbreads and collard greens, bitch
Oh, yes, you besta believe it
[Refrain: Beyoncé]
Y'all haters corny with that illuminati mess
Paparazzi, catch my fly, and my cocky fresh
I'm so reckless when I rock my Givenchy dress (stylin')
I'm so possessive so I rock his Roc necklaces
My daddy Alabama, Momma Louisiana
You mix that negro with that Creole make a Texas bama
I like my baby heir with baby hair and afros
I like my negro nose with Jackson Five nostrils
Earned all this money but they never take the country out me
I got a hot sauce in my bag, swag
[Chorus: Beyoncé]
I see it, I want it, I stunt, yellow-bone it
I dream it, I work hard, I grind 'til I own it
I twirl on them haters, albino alligators
El Camino with the seat low, sippin' Cuervo with no chaser
Sometimes I go off (I go off), I go hard (I go hard)
Get what's mine (take what's mine), I'm a star (I'm a star)
Cause I slay (slay), I slay (hey), I slay (okay), I slay (okay)
All day (okay), I slay (okay), I slay (okay), I slay (okay)
We gon' slay (slay), gon' slay (okay), we slay (okay), I slay (okay)
I slay (okay), okay (okay), I slay (okay), okay, okay, okay, okay
Okay, okay, ladies, now let's get in formation, cause I slay
Okay, ladies, now let's get in formation, cause I slay
Prove to me you got some coordination, cause I slay
Slay trick, or you get eliminated
[Verse: Beyoncé]
When he fuck me good I take his ass to Red Lobster, cause I slay
When he fuck me good I take his ass to Red Lobster, cause I slay
If he hit it right, I might take him on a flight on my chopper, cause I slay
Drop him off at the mall, let him buy some J's, let him shop up, cause I slay
I might get your song played on the radio station, cause I slay
I might get your song played on the radio station, cause I slay
You just might be a black Bill Gates in the making, cause I slay
I just might be a black Bill Gates in the making
[Chorus: Beyoncé]
I see it, I want it, I stunt, yellow-bone it
I dream it, I work hard, I grind 'til I own it
I twirl on them haters, albino alligators
El Camino with the seat low, sippin' Cuervo with no chaser
Sometimes I go off (I go off), I go hard (I go hard)
Get what's mine (take what's mine), I'm a star (I'm a star)
Cause I slay (slay), I slay (hey), I slay (okay), I slay (okay)
All day (okay), I slay (okay), I slay (okay), I slay (okay)
We gon' slay (slay), gon' slay (okay), we slay (okay), I slay (okay)
I slay (okay), okay (okay), I slay (okay), okay, okay, okay, okay
Okay, okay, ladies, now let's get in formation, cause I slay
Okay, ladies, now let's get in formation, cause I slay
Prove to me you got some coordination, cause I slay
Slay trick, or you get eliminated
[Bridge: Beyoncé]
Okay, ladies, now let's get in formation, I slay
Okay, ladies, now let's get in formation
You know you that bitch when you cause all this conversation
Always stay gracious, best revenge is your paper
[Outro]
Girl, I hear some thunder
Golly, look at that water, boy, oh lord
Polêmicas:
Algumas horas depois do lançamento do clipe, Beyoncé foi acusada de ter usado sem permissão algumas cenas do documentário “That B.E.A.T”(2013). O diretor Chris Black e o produtor Abteen Bagheri recorreram ao Twitter para expressar o descontentamento ao verem cenas de seu trabalho no clipe. Já se tem a informação de que a produção de Beyoncé obteve autorização para o uso das imagens, mas quem cuida dos direitos do documentário é o Festival Sundance. Apesar de os criadores, é a produtora que tem assegura o uso das filmagens. Após a polêmica, ambos os lados se esclareceram, inclusive com postagens no Twitter. “That B.E.A.T” traz a cena bounce e suas essências na cidade de Nova Orleans.
Depois de seu lançamento, "Formation" incomodou tanto que foi levantado um boicote nas redes sociais contra apresentação de Beyoncé no intervalo do Super Bowl. A ofensa partiu de familiares e amigos de policiais devido ao apoio ao movimento "Black Lives Matter", que promove campanhas contra a violência e preconceito sofridos pelos negros no país. O que de nada adiantou, pois já se tem a informação de que se tratou da maior audiência da história do evento. Para quem assistiu o show, que contou com Coldplay e Bruno Mars, viu Beyoncé em uma performance forte e cheia de símbolos, como as dançarinas com visual que remetia aos Panteras Negras, organização que passou a defender os direitos civis dos negros na década de 60. Assista a performance a seguir: