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#ENTREVISTA | "Lute sempre e não desista nunca": DJ Paula Ribeiro em entrevista exclusiva para o blog NLDJ


A DJ Paula Ribeiro é um nome mais que conhecido na cena noturna de Campinas e Região. Aos 24 anos, seu portfólio é de dar inveja: já se apresentou em várias festas e clubs como Base Lounge, Bubu Lounge, The L Club, The Club Litoral, Tribal Club, Toy Box, The Fire, Blanko, Divino Lounge, Fly Lounge, Friends Club, Plush Bar, Speed Pool Party, Paradise Pool Party e XS POOL PARTY (Belo Horizonte). Além de Paradas Gays de Sumaré e Sorocaba, Paula também já foi residente nos clubs Livre Bar e Lewel. Recentemente, participou do concurso Let´s Mix DJ Contest do Club Subway, sendo uma das finalistas e como sempre - ou quase sempre, a única mulher no evento. Seja por seus sets, seja pelo seu alto astral sempre contagiante, em 11 anos de carreira, a DJ já tem seus fãs e seguidores e pinta com exclusividade aqui no blog NLDJ em uma entrevista reveladora! Confira! 

Para começar, a pergunta básica: como iniciou sua carreira de DJ?

Aos 13 anos com festa de família e amigos. Daí fui pegando gosto pela profissão e aqui estou (risos).

Qual era o seu estilo de música eletrônica no início de sua carreira e qual é o seu estilo hoje? E dentro de um aspecto comportamental, o que mudou para você e para cena?

No início a gente fica um pouco vislumbrado e não conhece muito sobre estilo. Isso acaba vindo depois, quando começamos a ver que a profissão exige certo conhecimento musical. Posso afirmar hoje que meu estilo é Tribal House com uma pitada de Progressive, mas na maioria das vezes, se aproveita o melhor de cada estilo para agradarmos o público em geral. A mudança a qual você se refere foi a que ocorreu em mim e na cena LGBT que hoje, vive uma das fases mais criativas de toda história musical, principalmente no interior paulista e Nordeste.

Quem são os seus ícones? Em quem você se espelha? Há uma referência de estilo para o seu trabalho?

Na realidade não tenho um ícone em especial, pois acho que sou um pouco de cada música, cantores e bandas que surgiram e me marcaram da adolescência até hoje. Me espelho nas melhores produções que são realizadas de todos estilos musicais. Talvez haja em minha performance um pouco de referências às produções que abusem das harmônicas tocante ao nossos ouvidos

Você hoje é um dos poucos nomes femininos na cena noturna da Região e até mesmo do estado de São Paulo. Podemos afirmar que existe um processo de misoginia nessa área? Como você trabalha com isso? Já passou por algum tipo de preconceito? Qual o motivo de poucas mulheres se aventurarem como DJ´s?

Bom (risos) chegamos a um assunto que me incomoda um pouco (risos) mas vamos lá: sim, sou um dos poucos nomes femininos do interior de São Paulo, única representante de Campinas no estilo LGBT eletrônico e que representou a cidade em outras cidades e estados. Acho que hoje nem tanto as mulheres sofrem com o processo de misoginia,  já houve o tempo dessa discriminação. O que mais rola eu acho é os DJ's homens ou donos de festas e baladas acharem que as mulheres não tem a mesma potência profissional de um DJ masculino, mas podemos provar ao contrário,  com grandes nomes que surgiram não só no meio LGBT mas no meio hétero também hoje o contingente de DJ's produtoras vem aumentando muito. Eu faço a minha parte, sou profissional e mostro o que sei. Já sofri vários tipos de preconceitos por ser mulher e por ser gordinha, pois não me enquadro no estereótipo ao qual o mundo LGBT venera (risos). O motivo de poucas mulheres serem DJ????? Acho que isso tem muito haver com a situação da sociedade em geral por passar uma imagem que mulher tem que ser pardieiro e pilotar fogão e tanque (risos).

Em décadas anteriores, principalmente nos anos 90, as boates GLS eram consideradas referências de novidades e conceitos e até mesmo lançadoras de tendências musicais. Nos dias de hoje, como você define o estilo da música eletrônica nas pistas das casas GLS?

Eu sempre comento que a música segue o mesmo ritmo do mundo. Como hoje vivemos tempos de correria e individualismo, a música é alucinante e hipnótica (risos). Hoje não tem muita tendência pra se criar, mas a criação de novidades sonoras e tecnológicas é a grande sacada da nossa atualidade e as casas noturnas LGBT tem esse seguimento

Proprietários querendo público, promotores mal informados e o público cada vez mais acomodado. Ainda é possível o DJ mostrar conceito nas pistas?

Sim pode existir tudo isso que você citou na pergunta, mas gostar de música boa e apresentar isso de maneira eficaz não engana ninguém aliás cativa!!!

Gadgets, aplicativos, sites de hosting, sites de streaming e programas como o Virtual DJ prometem transformar qualquer um em DJ profissional. E tudo com apenas um click. Como você analisa a proliferação de DJ´s na cena noturna?

Tem seus prós e contras, mas de certa forma, ao longo do tempo, embora quem seja profissional de verdade sofra com essa proliferação de pessoas se intitulando DJ's, as tecnologias acabam sendo úteis para os profissionais de verdade e os que explodiram num determinado momento acabam vendo que são muitas exigências e empregos de técnicas para ser um bom DJ fazendo metade desistir

É comum DJ´s torcerem o nariz com a aproximação do público, com pedido de músicas e afins. Já presenciei DJ em set mix de mais de uma hora, totalmente compenetrado no iPhone e nem aí para a pista. Como é o seu envolvimento com o público na prática do seu trabalho como DJ? E como você analisa os DJ´s "estrelas"?

(Risos) Ri alto!!! Sim, é muito comum torcerem sim, mas entenda dessa forma: existem várias maneiras de se pedir uma música para o DJ que está tocando. O que mais acontece é você lá na maior vibe, a pista bobando com a música do momento. Daí chega alguém gritando no seu ouvido e pede "Valeska Popozuda" num set de tribal???!!!!!!!! (risos). Ás vezes o pedido do cliente não tem nada haver com o estilo que tá tocando ali naquela determinada apresentação e por isso, muitos torcem o nariz, mas na medida do possível e se está ao nosso alcance fazer algo para tocar algum pedido e que tenha haver com o que estou apresentando, eu toco sim. Mas têm DJ 's que são engessados e trazem o set pronto. Não sentem a pista e tem aquele feeling que precisa trocar a música por algo que chame novamente o público pra ela.

Hoje em dia, convidados internacionais aparecem como grandes apostas dos clubes em evidência. Porém, existe uma referência desencontrada entre a atração e o que o público espera. Como você analisa essas atrações? E qual o motivo de não haver o devido espaço para DJ´s locais/região?

Olha: acho válido sim a vinda de atrações internacionais de qualidade. Mesmo que tenha uma certa expectativa que se frustre em seguida a apresentação pois é só assim que o público consegue entender que os DJ´s locais têm seu talento e sabem o que a galera quer pra se divertir . É uma pena que DJ's locais batalhem tanto por um espaço para mostrar seu trabalho e às vezes nem conseguem..

Existe uma falta de consciência do público para com o line up da noite? O público geralmente sabe quem está nas pickups? Como você define o envolvimento do público com o DJ?

Acho que muito pouco pelo menos no meio LGBT a consciência de line-up tá bem aguçada, mas ainda tem uma grande massa que não sabe quem está nas pick ups. Mas isso é porque essa grande massa são aquelas pessoas que vão pra balada pra caçar (risos) ou beber pra desabafar as magoas. Aquelas pessoas que não são muito ligadas em músicas e cantores. Ela só quer estar onde tá bombando (risos). Mas daí quando o DJ consegue fazer a percepção dessa galera se voltar a ele, isso é o grande prêmio que recebemos na noite...


Como você define a cena atual?

Eufórica e desvairada, sem limites e cativante!!

Em termos de referências musicais e de cultura de noite, como você define o público atual?

Como uma onda....

Pelas redes sociais aparecem várias exposições de profissionais pela falta de união dos DJ´s. Como você analisa isso? Como é a concorrência dentro dessa categoria?

Medo...Desleal quanto a talento...

O que é glamour e o que não é glamour na profissão de DJ?

Glamour : humildade. Não é glamour: viver de mentiras, inventar mentiras e dizer mentiras.

Existe uma cena paralela aos clubes noturnos, cena que promove festas e possui uma engrenagem diferente do que se está em evidência, do que é popular para o grande público. Não chega a ser uma versão das raves dos anos 90, mas existe um público fiel, que acompanha esses projetos como pool partys e muitos outros. Como você analisa esses eventos paralelos? É um conceito que veio para ficar ou apenas uma questão de encher os bolsos de quem promove esse tipo de evento?

Eu penso que é sim um bom investimento quando é bem feito, pois traz emprego direto e indireto para galera. Acho que veio para ficar, pois possibilitou a muitas cidades do interior que não tem um club fixo na cidade a curtir toda vibe de uma balada.

Sobre o seu set mix, como você trabalha, quais são os seus critérios e quais técnicas você utiliza?

Uso tracks de amigos da profissão. E tento sempre inserir coisas atuais e muita coisa do pessoal talentoso local e da nossa região. As técnicas de passagens de uma música para outra utilizo tudo que aprendi ao longo desses anos.

Para você, qual seria hoje o set mix perfeito?

Nossaaaa...Perfeito não dá pra fazer, pois nem sempre agradamos a todos, mas acho que perfeito seria aquele que você consegue ouvir ele todo e tem vontade de escutar novamente

Conte-nos uma cena, uma situação inesperada que tenha ocorrido com você na noite:

Menino foram tantas emoções (risos) tanta coisa inesperada (risos), mas o que mais me pegou de surpresa mesmo foi quando fui chamada para ser residente da Lewel pois estava sem internet fazia uns 3 dias...E daí meu amigo Flavio Fenix me ligou e disse: "Amiga, você não viu na internet o bafafá que tá acontecendo?". Daí eu disse: "Eu não amiga, qual o bafo?". Daí  ele me disse que tinha o post dizendo que o público me escolheu pra ser residente da Lewel. Acho que isso foi o mais inesperado da noite que me ocorreu (risos)...

Qual clube, festa ou projeto que a DJ Paula Ribeiro sonha em tocar? 

Sonhar...Acho que não seria a palavra correta, mas vontade de mostrar meu trabalho tenho em vários lugares aqui da região que ainda não toquei e até mesmo aqui na nossa cidade. Mas agora sonhar alto (risos) acho que qualquer DJ tem vontade de tocar em Ibiza ou nessas festas tipo "Tomorrowland", "Skol Beats" entre outras. 

Qual foi o momento mais importante da sua carreira como DJ?

Quando toquei na extinta Base Lounge em Campinas.

Fora da cena, das festas e afins: como é a Paula Ribeiro?

Cômica, amiga e fiel.

Que conselho você dá para quem se inicia ou quer se iniciar na carreira de DJ?

Lute sempre e não desista nunca.

Quais são os seus projetos futuros?

Produção musical!!!

Contato:  djpaula.ribeiro@gmail.com ou (19) 98258-0812
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